Socialismo "sai do armário" com ascensão de Bernie Sanders

 O senador independente Bernie Sanders entrou na corrida presidencial dos Estados Unidos com um discurso mais à esquerda que o habitual no país, o que gerou um  fenômeno de entusiasmo, um estímulo para que os pequenos partidos  socialistas e comunistas tentem ganhar adeptos. 
Nesta chamada Super Terça, quando 12 estados e um território votam no  processo de eleições primárias e seus resultados podem ser definitivos  para a indicação do candidato do Partido Democrata, Sanders segue  desafiando o favoritismo da ex-secretária de Estado, Hillary Clinton.
Sanders, que se define como "socialista democrata", tenta desde o início  de sua campanha explicar seu modelo à europeia - com denúncias sobre a  crescente desigualdade e a erosão da classe média - e se distanciar do  comunismo, com o qual os americanos normalmente identificam esta  tendência.
                  
Embora não necessariamente concordem com todas as ideias de Bernie  Sanders, as coalizões socialistas e comunistas dos EUA se beneficiaram  do entusiasmo gerado por sua campanha.
"Bernie Sanders fez muito bem à esquerda nos Estados Unidos", disse à  Agência Efe Christopher Gunderson, professor de sociologia na Howard  University de Washington.
No entanto, apesar de o senador por Vermont "falar de revolução, não é  um revolucionário, usa a palavra metaforicamente para se referir a uma  mudança significativa", mas "respeita a ordem estabelecida, a  Constituição dos EUA e o direito à propriedade", segundo Gunderson,  especialista em movimentos sociais.
"Como fenômeno, é muito bom. Milhões de pessoas estão buscando 'socialismo' no Google", ironizou Gunderson.
Os partidos socialistas dos EUA, por sua vez, buscam o equilíbrio entre aproveitar o efeito Sanders e manter sua identidade.
Quando Sanders "fala de socialismo, ajuda partidos realmente  socialistas, como nós, a ter uma maior aceitação entre as pessoas",  disse à Efe Gloria La Riva, candidata à presidência do Partido pelo  Socialismo e a Liberação (PSL).
La Riva reconhece em Sanders o mérito de "mobilizar com energia enormes  quantidades de jovens" e "dar visibilidade a movimentos" como o Occupy  Wall Street ou a luta pelos direitos de latinos e negros.
Por sua vez, o Partido da Paz e da Liberdade, que também se define como  socialista, concorda que "Bernie Sanders despertou consciências",  segundo declarou à Efe sua presidente, Debra Reiger.
"Agora mais gente fala de socialismo; há mais gente emocionada com uma  nova maneira de governar este país e com o fato de que as grandes  corporações não tenham que controlar tudo. Isto é algo em que nós  acreditamos e nos fez bem", argumentou a presidente do PFP, fundado há  60 anos.
Reiger considera que a campanha do pré-candidato democrata "beneficiou  de certa maneira" seu partido, que em sua opinião, no entanto, é "ainda  mais progressista que Bernie".
O Partido Comunista dos EUA (CPUSA), fundado há quase um século e que é o  maior do país desta tendência, também se pronunciou a favor de Sanders  apenas um mês depois que o senador anunciou que concorreria às eleições  presidenciais.
A campanha de Sanders "já mudou o debate político" no Partido Democrata,  disse a presidente do CPUSA em Connecticut, Joelle Fishman.
O que mais preocupa agora estes partidos minoritários sobre Sanders é a  fuga de militantes "que se registram no Partido Democrata para votar  nele", admitiu Reiger.
No entanto, tanto no PFP como no PSL, suas direções confiam que, se  Sanders não conseguir a indicação do Partido Democrata, suas coalizões  ganharão filiados.
Os eleitores de Sanders, segundo Gunderson, são "jovens que não se  sentem identificados com um partido político porque se sentem à esquerda  demais" do democrata, e "adultos que eram socialistas quando jovens" e  depois deixaram esses ideais de lado.
Desde o princípio, as bases de Sanders foram pessoas brancas, algo que,  segundo o analista, "está mudando, embora não muito rapidamente" uma vez  que "seus números melhoram entre latinos e negros", acrescentou.
"Se a campanha (das primárias) durasse mais um ano, Bernie Sanders  ganharia", brincou Gunderson em referência à vantagem que o senador vem  diminuindo em relação a Hillary Clinton, a favorita das pesquisas.
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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