
A competição com os serviços over-the-top (OTTs) ainda não é uma realidade, mas uma tendência, na visão de estudo técnico da Anatel. 
O superintendente de competição da agência, Carlos Baigorri, confirmou  que há uma análise de impacto regulatório no Plano Geral de Metas de  Competição (PGMC) na ótica da concorrência de serviços, levando em  consideração a possibilidade de substituição por OTTs. 
"No nosso entendimento, é cedo para que essa substituição seja plena. É  óbvia em mensagens de texto, quase ninguém mais usa SMS, mas na TV por  assinatura ainda há a discussão se as a aplicações de video on-demand  são complementares; é um mercado ainda muito incipiente para fazer  afirmação taxativa, o que nos cabe é monitorar", declarou ele em debate  promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)  na manhã desta quinta, 24.
Essa avaliação está atualmente subindo para o conselho diretor. "Assinei  ele ontem", disse Baigorri em conversa com jornalistas após o debate,  alegando ainda não poder exibir o conteúdo até que o conselho tome sua  decisão.
"O que posso dizer de conclusão é que existe substituição entre fixo e  móvel (para voz), mas para banda larga achamos que ainda não tem, são  características técnicas diferentes", explica. 
"Nesses serviços OTT, tanto (no caso de) WhatsApp, VoIP, Skype e Netflix,  ainda não há clara substituição, a gente acha que tem tendência, mas  que no momento não há informação suficiente. A ideia é colocar em  consulta pública e vamos avaliar à luz do que a gente pega da  sociedade."
O superintendente da Anatel reitera a interpretação já externada pelo  presidente da agência, João Rezende, de que, no ponto de vista de  regulação econômica, no caso de haver concorrência de fato, "a solução  não é regular OTTs, de ter obrigações de qualidade, tributos, mas sim,  desregulamentar os operadores de telecom".
Baigorri confirma haver também estudos para desregulamentação,  realizados em parceria com uma consultoria internacional, focados em  mudanças de metas de qualidade, licenças e outorgas. 
A agência procuraria, assim, eliminar as "regras excessivas",  estabelecendo uma regulação modulada de acordo com a concorrência em  cada região. 
"No PGMC (Plano Geral de Metas de Competição) que está indo para  consulta pública, estamos propondo quatro regiões no Brasil em nível de  concorrência, então, em municípios altamente competitivos, propomos a  redução drástica da regulamentação, e em regiões sem monopólio, aí não  tem a regulamentação", declara.
Novas metas de qualidade
A proposta de revisão do regimento de qualidade, por sua vez, procura  reduzir a quantidade de indicadores, sobretudo os de natureza técnica  "que dizem respeito a engenheiros, mas que, para o consumidor, não dizem  nada". 
A Anatel então procuraria criar indicadores "mais aderentes à percepção  do usuário", o que inclui a definição de padrão mínimo "não muito alto"  para não engessar as operações. 
"O desafio é em que medida desregulamentar e deixar de proteger o  consumidor, a gente sabe que o setor é um dos principais serviços  reclamados, e a desregulamentação não pode ser um passo para trás". 
Ainda de acordo com Baigorri, o cronograma da agência está apertado, mas  a ideia é fazer a consulta pública da revisão do regimento de qualidade  ainda neste ano.
 
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