Denúncia contra dono do Safra é aceita

  A Justiça Federal aceitou denúncia contra o dono do Grupo Safra, Joseph Yacoub Safra,  e mais cinco pessoas por suposto envolvimento em esquema de "compra" de  decisões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) -  espécie de tribunal que avalia débitos de contribuintes com a Receita  Federal. Eles passam agora à condição de réus e responderão a ação penal  que discute sua participação em crimes de corrupção e falsidade  ideológica. 
Em decisão assinada no dia 14, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da  10.ª Vara em Brasília, justificou que a denúncia atende aos requisitos  legais, descrevendo de modo claro e objetivo os fatos imputados a cada  acusado, "não se tratando de hipótese de indeferimento da peça".
                  
"Está demonstrada a plausibilidade das alegações contidas na denúncia em  face da circunstanciada exposição dos fatos tidos por criminosos e as  descrições das condutas em correspondência aos documentos constantes  inquérito policial, havendo prova da materialidade e indícios da autoria  delitiva", escreveu.
Segundo na lista dos homens mais ricos do Brasil, publicada pela revista  Forbes, o dono do Safra pediu para ser excluído da ação por "ausência  de justa causa". Contudo, o magistrado entendeu que este não é o momento  adequado para análise de resposta à acusação e, sim, após o recebimento  da denúncia, quando a defesa do empresário poderá apresentar os  argumentos que entender pertinentes.
O juiz determinou a notificação dos réus para apresentarem alegações e documentos, além de indicar testemunhas.
Conforme a denúncia da Procuradoria da República no Distrito Federal,  Lutero Fernandes do Nascimento e Eduardo Cerqueira Leite, servidores da  Receita, e dois ex-funcionários do Fisco, Jorge Victor Rodrigues e  Jeferson Ribeiro Salazar, teriam pedido propina de R$ 15,3 milhões para  conseguir decisões favoráveis com os conselheiros do Carf.
A JS Administração de Recursos - sociedade empresarial do Grupo Safra -  tinha três processos em curso no órgão, pelos quais questionava a  cobrança de R$ 1,8 bilhão em tributos. O suposto pagamento de suborno  teria sido negociado por João Inácio Puga, diretor da JS.
Os procuradores sustentam que, embora não tenha tratado diretamente com  os "intermediários" do esquema, Safra tinha conhecimento das  irregularidades. Eles argumentam que em pelo menos três conversas,  interceptadas com autorização da Justiça, fica claro que Puga se  reportava ao superior.
Além disso, alegam os procuradores, os processos em andamento envolvem  valores que representam mais de 40% do capital do grupo, estimado em R$  4,3 bilhões. "Um mero diretor não poderia, como realmente não o fez,  tomar as decisões que envolviam dívidas correspondentes a 41,26% do  capital social."
Outro lado. Em nota enviada ao Estado, a JS informou serem infundadas as  suspeitas levantadas pelo Ministério Público Federal. A empresa  sustentou que "nenhum" de seus representantes "ofereceu vantagem para  qualquer funcionário público". "A JS não recebeu nenhum tipo de  benefício no Carf. Portanto, não há justa causa para o processo",  acrescentou. O advogado de Lutero, Délio Lins e Silva, disse que seu  cliente não participou de irregularidade e que, oportunamente, sua  defesa será apresentada nos autos.
 Renato Vieira, que representa Eduardo Cerqueira, afirmou que as  alegações não são verdadeiras e que o provará ao longo do processo. A  defesa de Salazar não retornou o contato do Estado. Em outra ocasião, os  advogados dele "refutaram" a acusação de que teria participado de  qualquer oferta ou pagamento de propina. Jorge Victor não foi  localizado.
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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