Ritmo frenético do 'passo o ponto' indica momento ruim

 As fachadas de estabelecimentos comerciais de São Paulo já têm a crise estampada nos letreiros. É impossível não  notar as cada vez mais frequentes faixas de "passo o ponto" - fora a  quantidade incomum de imóveis fechados, acumulando poeira entre uma  placa de "aluga-se" e outra de "vende-se". 
Na Pompeia, zona oeste da cidade, a reportagem encontrou três  estabelecimentos cujos donos querem passar o ponto em um raio de menos  de 100 metros. "Tinha duas unidades do meu bar e restaurante, uma  próxima da outra. Neste cenário de crise, é melhor concentrar as  operações. Assim, reduzo meus gastos, que aumentaram muito", afirma o  proprietário de um deles, Renato Silvy Andrade. "A clientela está  gastando menos."
A crise também tem dificultado o desejo do empresário de se desfazer do  negócio. "Eu estava pedindo R$ 100 mil", comenta. "Mas os poucos  interessados que aparecem querem dar R$ 30 mil."
Dona de um bar, Miriam Lopes já começou baixando a pedida. "Nosso ponto  foi avaliado em R$ 450 mil. Mas sabemos que, nessa crise, ninguém vai  pagar isso. Então, por R$ 250 mil, entregamos com tudo o que tem dentro,  montadinho", diz.
Situação semelhante é enfrentada por Gabriel Teixeira Silva, que tem uma  lanchonete em Pinheiros, também na zona oeste, e tenta negociar o ponto  desde outubro. "Sei que, pela localização, valeria de R$ 200 mil a R$  300 mil. Mas estou pedindo R$ 100 mil e, se alguém aparecer com R$ 80  mil à vista, entrego", afirma o empreendedor.
Dono de dois estacionamentos em Santo Amaro, na zona sul da cidade, Luiz  Fernando Magalhães colocou faixas com seu telefone celular na frente de  ambos: é outro que passa os pontos. "O movimento diminuiu muito. Não  chegou a cair para a metade, mas caiu bem", conta o empresário.
Na avaliação do presidente da Associação Comercial de São Paulo, Alencar  Burti, "é urgente a necessidade" de uma solução. "Milagre não tem. Mas  precisamos nos unir em busca de uma saída, uma alternativa que pelo  menos tire o desespero. É um desastre e temos de chamar uma ambulância  para o setor", comenta.
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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