
Uma reportagem de Fernando Brant (1946 - 2015), publicada  nos anos 50, foi resgatada pelo Estado de Minas como prova do acordo que  dava ao estado mineiro uma faixa de terra da Bahia.
 Muitos dos mineiros dizem que, para Minas  ficar perfeita, falta apenas o mar. Pois essa brincadeira pode ter sido  realidade em tempos antigos. Documentos do início do século XX levantam a  hipótese de que um trecho de mar pertenceria ao Estado mineiro desde  1910.
A discussão foi iniciada a partir do resgate feito pelo jornal Estado de Minas, de um material publicado na revista O Cruzeiro, em 1973.
A matéria é do então repórter Fernando Brant (1946 – 2015), que  viria a ser o principal parceiro de músicas de Milton Nascimento. Ele  aproveitaria a viagem a trabalho para compor Ponta de Areia, música que  trata da extinção da Ferrovia Bahia-Minas.
 
A curiosa história da abertura mineira para o  Atlântico tem início justamente com a ferrovia. A Baiminas, como  moradores antigos se referem à linha férrea, ligou Ponta de Areia (BA) a  Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha. A maria-fumaça começou a apitar no  trecho em 1881, na época do Império. Em 1966, o governo militar decidiu  desativá-la, pois acreditou que o asfalto garantiria à região progresso  melhor do que o conduzido pelos trilhos.
O caminho de ferro foi construído e gerenciado pela Companhia de  Estrada de Ferro Bahia e Minas. Para garantir a construção da linha pela  iniciativa privada, dom Pedro II (1825-1891) concedeu à empresa a posse  de seis quilômetros de terras devolutas em cada uma das margens dos  trilhos (total de 12 quilômetros). Já a extensão vai de Ponta de Areia à  divisa entre os dois estados (142 quilômetros).
No fim do século 19, a empresa hipotecou as terras ao Banco de  Crédito Real do Brasil. Em 1908, já proclamada a República, o banco  executou a dívida. Em 1910, porém, a instituição enfrentou dificuldades  financeiras e o governo de Minas adquiriu as terras, em escritura de  cessão de crédito e transferência de direito.
Na década de 1940, o estado enviou ofício ao governo da Bahia,  reivindicando a posse das terras. O governo vizinho não se manifestou  sobre o assunto. A atual administração baiana informou que vai consultar  os documentos para emitir um parecer. Da mesma forma, o governo de  Minas. 
Parte do terreno que pode ser patrimônio mineiro integra uma área  que abrange vários mangues. De acordo com o pesquisador de solos Carlos  Hernesto Schaefer, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o Sul da  Bahia “é composto pelo maior conjunto de manguezais do Nordeste, e um  dos maiores do Brasil”.
 
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