Empreendedores criam negócio que faz o supermercado por você

 Você provavelmente é ou conhece alguém tão ocupado que nunca tem  tempo para ir ao supermercado. Ou alguém que adoraria receber itens  recorrentes em casa, como fraldas para os filhos, sem ir comprar toda  semana. Ou, ainda, um idoso que tem dificuldades em se locomover –  inclusive para o mercado. Esses clientes são justamente os que procuram a  Carrinho em Casa, startup que registra pedidos online de compras e entrega em até duas horas na  porta de casa. O serviço deu tão certo que a expectativa é faturar  quatro milhões de reais em 2016. 
Os idealizadores do empreendimento são o português Ricardo Prelhaz e o  americano David Russell, que se conheceram enquanto faziam mestrado em  Portugal. Enquanto Prelhaz tinha experiência em e-commerce, ocupando  cargos em empresas como a Dafiti, Russell trabalhava no mercado  financeiro.
Após algum tempo de amizade, os dois conversaram sobre trazer uma ideia vista nos Estados Unidos para o Brasil: o Instacart, modelo de pedidos  online de compras lançado em 2012 e que estava dando muito certo por lá.
O mínimo produto viável (MVP) foi criado em maio de 2015, por meio da  contratação de uma agência de desenvolvimento, e o negócio foi  inaugurado em agosto do mesmo ano. Prelhaz conta que ele e o sócio  apostaram mais na própria experiência, e não em algum estudo de mercado  sobre o setor em que atuariam.
“A ideia era lançar o mais rápido possível e ver se haveria aceitação.  Se desse certo, nos escalaríamos. Se não desse, começaríamos outra  empresa”, resume. “Hoje, tudo é muito rápido no mundo do empreendedorismo. Se você não fizer agora, outra pessoa irá fazer.”
O primeiro bairro de atuação foi o Jardins, em São Paulo, onde os empreendedores moram. “No começo, quando surgia um pedido, eu mesmo vestia a camiseta  da Carrinho em Casa, ia fazer as compras e entregava. Se surgia um outro  pedido, meu sócio fazia a mesma coisa. Era uma coisa muito básica  mesmo”, conta Prelhaz. Nas primeiras semanas, os pedidos ainda podiam  ser contados nos dedos da mão.
Porém, o número de pedidos foi aumentando com o tempo, e a startup teve  de contratar pessoas tanto para desenvolver o e-commerce internamente  quanto para fazer as compras – os chamados “shoppers”. Ao todo, são oito  membros na equipe (incluindo os dois sócios) e mais dez compradores.
Hoje, cerca de 1.800 usuários já usaram a plataforma e o negócio tem um  faturamento mensal de 120 mil reais. Quase 40 bairros são atendidos,  todos na cidade de São Paulo. Os campeões de pedidos são Jardim  Paulista, Jardim Europa, Consolação, Moema e Pinheiros.
Como funciona?
O cliente entra no site da Carrinho em Casa, coloca seu CEP e vê quais são os supermercados cadastrados dentro do bairro indicado. Ele escolhe o estabelecimento e  os produtos adicionados ao carrinho. Após a confirmação, o “shopper”  mais próximo realiza as compras no supermercado e entrega o produto para  o cliente em até duas horas (ou mais tarde, se o usuário desejar).
O prazo é um grande diferencial do negócio - segundo Prelhaz, isso é  conseguido porque há um estudo de demanda em cada bairro e os  compradores são alocados de acordo.
Outra vantagem é poder comprar em supermercados que não possuem um  sistema online de pedidos, que é um processo mais conveniente e menos  propenso a erros do que o de pedir pelo telefone, completa o  empreendedor. Também é possível ver diversas opções de oferta na mesma  plataforma, comparando supermercados ou olhando serviços complementares,  como pet shops.
Hoje, a Carrinho em Casa tem parcerias com Casa Santa Luzia, Carrefour,  Cobasi, Emporium São Paulo, Mambo, Mundo Verde e Quitanda. Negociações  para incluir o grupo GPA, da rede Pão de Açúcar, estão em andamento.
Para financiar sua operação, a startup cobra um acréscimo de 5 a 10% em  cada produto. Cada estabelecimento pode escolher se irá cobrir o valor  (assim, os produtos na plataforma têm o mesmo preço do que no  supermercado, o que pode aumentar as vendas) ou não (repassando o  acréscimo ao consumidor final).
Expansão e planos
O faturamento da Carrinho em Casa cresce de 30 a 40% por mês, ressalta  Prelhaz. Assim, as projeções para 2016 são ambiciosas: a ideia é fechar o  ano com um faturamento acumulado de quatro milhões de reais, cadastrar  dez mil clientes, ter 30 varejistas (mesmo que alguns ainda em  negociação) e cobrir, além de toda a Grande São Paulo, outras quatro  cidades: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e Rio de Janeiro. A expansão  de área deve acompanhar a contratação de mais “shoppers”: o plano é ter  entre 300 a 400 até o fim do ano.
 Para isso, a startup também conta que pretende conseguir um investimento  ainda este ano. As áreas favorecidas serão a de marketing, para  divulgar mais o negócio; tecnologia, com a contratação de  desenvolvedores para aprimorar o e-commerce e lançar aplicativos para  Android e iOS; e também melhorar o app que os “shoppers” usam,  integrando o Waze dentro da aplicação para sugerir o melhor caminho de  entrega, por exemplo. A ideia é ter um serviço similar ao que o Uber  pratica, mostrando os estabelecimentos e “shoppers” próximos.
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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