
Ajuste fiscal e  reforma da Previdência serão dois dos principais artigos da bagagem que o  ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, levará à China, nos dias 25 e 26,  para a reunião do G20, que vai abordar, entre outros temas, a  recuperação da economia chinesa e várias questões relacionadas ao Fundo  Monetário Internacional (FMI).
No  encontro, assim como fez durante o Forum de Davos, na Suíça, Barbosa  vai detalhar as propostas em estudo pelo governo para recuperação das  contas públicas e como enfrentar o déficit crescente nas contas da  Previdência, que deve consumir, segundo as contas do próprio governo,  cerca de R$ 200 bilhões do Orçamento deste ano para cobrir o rombo e  garantir o pagamento dos quase 28 milhões de contribuintes da iniciativa  privada e o 1 milhão dos servidores públicos federais.
Para 2015, a projeção é que o déficit dos dois regimes alcance R$ 157  bilhões, bem acima dos R$ 120 bilhões registrados em 2014. O déficit  tem sido uma das maiores preocupações da equipe econômica, apesar das  várias medidas de economia que tem sido feitas, entre elas o corte no  gasto com o funcionalismo e a redução do número de ministérios. Os  técnicos lembram, contudo, que a Previdência é o item que mais pesa nas  chamadas despesas fixas, que não podem ser reduzidas.
 Segundo números do próprio governo, no Regime Geral de Previdência  Social, que reúne os trabalhadores da iniciativa privada, o déficit  previsto para este ano é de R$ 125 bilhões, após fechar em R$ 89 bilhões  no ano passado e em R$ 56,7 bilhões em 2014. O rombo no sistema  previdenciário dos servidores públicos federais deve ser menor que o da  iniciativa privada, mas ainda assim os números preocupam. De R$ 63,4  bilhões em 2014, ele saltou para R$ 68,4 bilhões em 2015 e deve alcançar  70 bilhões este ano. Vários analistas têm apontado a recessão econômica  e o aumento do desemprego como fatores importantes para o rombo das  contas da Previdência.
 
Entre as propostas em estudo pelo governo, Barbosa deve detalhar  também os planos para redução desse déficit, como a proposta de fixação  de aposentadoria a partir dos 65 anos, tanto para homens e mulheres,  além de algumas restrições para concessão de pensão por morte –  as adotadas até agora têm sido consideradas muito tímidas pelos  analistas.
No campo do ajuste fiscal, Barbosa também deve adiantar outras  propostas, como o projeto a ser encaminhado ao Congresso com a fixação  de um teto para os chamados gastos públicos. Na hipótese desse limite  ser ultrapassado, o governo estuda a adoção de várias medidas como o  congelamento do salário mínimo, que serve para balizar os reajustes  previdenciários. A medida, que deve encontrar forte resistência tanto no  Congresso quanto na opinião pública, é uma das quedas de braço mais  importante que o governo deverá ter este ano com o legislativo.
Na agenda internacional, a anfitriã China – que assume pela primeira  vez a presidência do G-20 – também deverá detalhar os planos em estudo  para reverter o freio no crescimento e voltar a ser o principal motor da  recuperação econômica mundial. Após ter registrado crescimento de 6,9%  no ano passado, rompendo a barreira psicológica dos 7% e vir diminuindo  tanto exportações quanto importações, o país também deve tranquilizar os  investidores quanto à política cambial a ser adotada, e o que está  sendo feito para equilibrar o mercado acionário interno, que tem sofrido  quedas expressivas desde o início do ano, arrastando assim as bolsas em  todo o mundo.
 No capítulo relativo ao FMI, os presidentes dos bancos centrais e demais  membros do G20 também devem incluir na agenda de discussões a reforma  de cotas dos fundos, de forma a aumentar a participação e o poder  decisório dos países de economias emergentes, bem como o tratamento a  ser dado às chamadas dívidas soberanas, ou seja, a dívida de países  junto à comunidade financeira internacional. Nesse aspecto, um ponto  importante a ser discutido devem ser possíveis mudanças nas chamadas  cláusulas de ação coletiva, que protejam países com dificuldade de caixa  para honrar seus compromissos. O caso mais emblemático da atualidade  são as dificuldades que o novo governo neoliberal do presidente Maurício  Macri, da Argentina, está tendo em renegociar a dívida com os chamados  fundos abutres, e assim poder voltar a tomar empréstimos no mercado  internacional.
 
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